CARTA-POEMA 15 - EM PROSA POÉTICA 2


OBJETOS GUARDADOS

Em uma viagem a moça de tênis vermelho ganhou uma bolsa amarela com uma chave, que abria o cadeado azul preso no zíper branco. Dentro da bolsa, havia pertences de uma senhora que havia se perdido no espaço-tempo de suas histórias.

A moça guardou o presente que havia ganhado de um freguês novato, abriu sua bolsa (uma que sempre usava) pegou uma caixinha prateada que continha um drink daqueles bem doces, um cigarro e um isqueiro. Fumou. Andava com manias de uma antiga conhecida chamada Rosa. Após fumar, sentiu uma vontade grande de saber o conteúdo da bolsa amarela. Pegou a chave e subitamente abriu. Viu como se fosse um filme os objetos ali guardados, eram conhecidos de um outro tempo.

Lembrar não foi fácil, mas conseguiu ver cada coisa como num cenário. Viu dentro do espelho uma escova de dentes azul com tampa rosa, numa parte do armário um livro de poesias, um vidro vazio, outro vidro com um óleo vermelho, uma carta enrolada numa fita vermelha e a metade de uma concha rósea e branca. Lembrou de uma viagem que havia feito quando menina, viagem que durou sete meses. Quando olhou no fundo da bolsa viu ainda uma foto de um  pacote amarelo ao lado do banheiro.

Sentou-se na cama, chorou e sorriu. Haviam outros objetos guardados. Imaginou como teria sido a vida daquela senhora dona da bolsa, dentro da bolsa.

Nessa mesma viagem, lembrou de como tudo começou e de cada lugar em que ela mesma havia colocado os objetos, para que no futuro-passado ela mesma encontrasse.

Foi ao banheiro, ligou o chuveiro e banhou-se em águas quentes.

Foi assim que tudo começou.

Fechou os olhos e pôs-se a escrever, sentiu saudades e colocou tudo no papel.

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