CARTA-POEMA 17 - Carneval


Depois de muitos hiatos de silêncio

Fermatas e fermatas de dor

Seguiu e no seguir encontrou bem quereres

Da rua olhava pro alto e via na luz refletida o espelho

Raios dourados de brilhos intensos

Chuva de purpurina

Chuva de areias douradas

Lavava por fora e por dentro ao som daquele bem que chegava pra acalmar e revelar

Era festa

Era Carnaval

Era alegria

E também era tristeza

Em imersões foi em outras gerações

Foi filha, mãe, avó, amante e irmã

E entre constelações, cânticos e movimentos

A voz doce do bem querer que acalma

Que traz na voz  a paz

O doce amor

A paz de volta

No espelho entre lágrimas e sorrisos viu dentro de sua própria imagem refletida

O olho de ouro

O ouro de amor

Confesso

O som era amor

E foi numa cabana de tecidos dourados que curou um pouco mais seu coração infantil

Numa tarde afável de uma estação qualquer

Num dia qualquer

 

Confesso

Ali  segredos foram revelados silenciosamente

Ao mesmo tempo que a doce voz cantava confesso

Ele curava

Ela curava

e assim meio sem falar

meio sem entender

voltou a escrever e no sufixo foi redescobrindo o que queria ser

Foi assim

 

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