CARTA-POEMA 23 - Sodade d´um Sertão
Sodade
já vem apertando o peito
Me
lembro de todas minhas andanças
Eu
viajava pro roçado tomava banho de rio
Como
é boa a lembrança
Eu
via boi, porco e galinha
Cabra,
vaca, jegue e o bode
Descia
ladeira e chupava umbu
Abria
as porteiras e olhava pro norte.
Muitos
sóis e muitas luas
E
eu viajando pelas ruas
Em
São Paulo eu cheguei
Num
dia claro de março rei
Pra
todo canto tinha um arranha-céu
Quando
cheguei na terra da garoa
O
povo todo andava acelerado
E
não tinha nem tempo de comer uma broa
Essa
terra rica eu achei estranha
Embaixo
do asfalto escondem os rios
Põe
viaduto no ouro da terra
E
tiram as roseiras
Pra
fazer pavio.
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