CARTA-POEMA - 24 - Rito-Roteiro
ODES MÍNIMAS PARA HILDA HILST NUM PEQUENO FUNERAL
CANTANTE
A CENA ESTÁ VAZIA, SOMENTE COM OS INSTRUMENTOS E O
CENÁRIO.
ENTRA
UMA MOÇA DE CADA VEZ. OLHA. ESCUTA O SILÊNCIO. SEGUE PARA A PIA BATISMAL. LAVA
AS MÃOS, SE PURIFICANDO PARA A AÇÃO. SE BATIZA.
SE
CANTA O CANTO INTRODUTÓRIO - ODE I – TE
BATIZAR DE NOVO.
HÁ
PAPÉIS NO CHÃO COM O POEMAS DE HILDA. AS MOÇAS PEGAM UM POEMA E COMEÇAM A LER.
COM AS PALAVRAS, OS MOÇOS ENTRAM COM A HARMONIA, PERCUSSÃO E OS EFEITOS. TUDO É
MÍNIMO. AO SOM DA VOZ, DO CANTO, DOS
INSTRUMENTOS SE FAZ A ODE.
VIDA
E MORTE JUNTAS.
A
SENSAÇÃO DO FIM, A FÚNEBRE SAUDADE, A DOR TRANSFORMADAS EM COMEÇO, NASCIMENTO,
BATISMO, ALEGRIA DO RECOMEÇO, MERGULHO NO TRANSE PARA TRAZER A ALEGRIA, O
PRAZER, O GOZO DO ENCONTRO COM O DESCONHECIDO.
PRIMEIRO
TOQUE.
CANTA-SE
O PRIMEIRO CANTO - ODE II – DEMORA-TE
A MOÇA MAÍ, A CALHA EM TRANSE
FICA NA PRIMEIRA ESTROFE DO POEMA.
AS MOÇAS ANI, A CANDEIA E SABÊ, A
PALHA, FAZEM UM JOGO COM O OLHAR DE DUAS FORTES MULHERES NUMA CAVALGADA DOS
GALOPES DE CONCHAS.
HÁ PERCUSSÃO INTRODUTÓRIA DA ODE
X, PARA A ENTREGA DE PÃES PRETOS PARA O PÚBLICO QUE ESTÁ SENTADO NA ESTEIRA.
CANTA-SE O SEGUNDO CANTO - ODE X – DE SANDÁLIA DE PALHA
CELEBRAÇÃO COM OS PÃES EM CEIA.
AO FIM DA ODE A PERCUSSÃO VAI
SAINDO EM PROCISSÃO.
CANTA-SE O TERCEIRO CANTO - ODE XI – LEVARÁS CONTIGO
AS TRÊS MOÇAS BUSCAM UMA
VERTICALIDADE EM QUE SE PODE PERCEBER A CONEXÃO COM AS PARTES DO CORPO QUE SÃO
REVELADAS NA ODE. SINO.
CANTA-SE O QUARTO CANTO - ODE XIII – FUNDA
ÁGUA. CALIMBA. JUNTAS. CALIMBA.
MÃOS. DEDOS.
CANTA-SE O QUINTO CANTO - ODE XIX – SE EU SOUBESSE
ENQUANTO ANI, A CANDEIA CANTA,
MAÍ, A CALHA RETOMA A AÇÃO DA ODE II. APÓS O CANTO ENTRA SABÊ, A PALHA, COM O
CANTO EM FRANCÊS, INTERCALADO DE PALAVRAS SUSSURRADAS DA ODE II POR MAÍ, A
CALHA. ANI, A CANDEIA. DESENHA E ESCREVE NO CHÃO NOMES POSSÍVEIS DA ODE I.
CANTA-SE O SEXTO CANTO - ODE XXII – NÃO ME PROCURES ALI
CANTA-SE O SÉTIMO CANTO - ODE XXIV – NO MEIO DIA
FOGO. PENSA NUMA DANÇA DE
LABAREDAS PARA A BUSCA DO SOL DO MEIO-DIA. CALHA SE ENCAMINHA PARA O MURO DE
GIRASSÓIS.
CANTA-SE O OITAVO CANTO - ODE XXVI – DURANTE O DIA CONSTRÓI
CALHA TECE SUA CORÔA DE
GIRASSÓIS. CANDEIA OLHA, OUVE OS SONS, BUSCA NO OLHAR DO PÚBLICO UMA RESPOSTA.
ENTREGA AO PÚBLICO UM BILHETE POEMA.
CANTA-SE O NONO CANTO - ODE XXVII –
ME COBRIRÃO DE ESTOPA
TERRA. OS PASSOS. NA PRIMEIRA VEZ DA ODE A MOÇA CANTA MAIS FLÚIDO E A
HARMONIA É MAIS ESTACATA. NA SEGUNDA VEZ O CANTO É ESTACATO NUM FRÊMITO E A
HARMONIA É MAIS FLÚIDA.
DANÇA DAS CORDAS.
CANTA-SE O DÉCIMO CANTO - ODE XXVIII
– AH, NEGRA CAVALINHA
GALOPE LEVE DE CONCHAS NO CANTO. GALOPE PESADO NAS PERGUNTAS. GALOPANDO NO
TRANSE. INTERCALA O GALOPE NO CANTO.
CANTA-SE O DÉCIMO PRIMEIRO CANTO - ODE
XXIX – TE SEI
PROVANDO O SUMO GROSSO DE UMA CEREJA QUE ESCORRE PELA BOCA.
CANTA-SE O DÉCIMO SEGUNDO CANTO - ODE
XXX – JUNTAS
EM CÂNONE. NO FIM DA ODE SOLTAM OS PAPÉIS POEMAS AO VENTO, SE CRUZAM,
PEGAM OS PAPÉIS POEMAS E ENTREGAM AOS VIVOS.
CANTA-SE O DÉCIMO TERCEIRO CANTO - ODE
XXXII – POR QUÊ ME FIZ POETA?
PERGUNTAS INÚMERAS VEZES EM ECOS. A MELODIA ACOMPANHA A POESIA DURANTE A
FALA. A COMPOSIÇÃO TRAZ UMA SONORIDADE DE UMA CANTIGA DE AMIGO. O CANTO NUM
MERGULHO E IMERSÃO. A FALA NUM GRAVE TERRA FOGO PARA A HORA FRIA.
CANTA-SE O DÉCIMO QUARTO CANTO - ODE
XXXIII – ESBOÇAVA-SE
INICIA O DEDILHAR.
VIDRO. FRIO. ESPELHO. ÁGUA.
VERMES. TERRA.
ASAS. AR.
ALQUIMIA DE FOGO. QUENTE. FOGO.
DIRIAS MORTO? ERA UM VIVO
CANTA-SE O DÉCIMO QUINTO CANTO - ODE XXXVIII – NO CORAÇÃO, NO OLHAR
CHUVA DE PÉTALAS DE ROSAS COMO
HOMENAGEM À POETA. A DESPEDIDA TRANSFORMADA NO ENCONTRO. ESSÊNCIA DE ACÁCIAS.
CANTA-SE O DÉCIMO SEXTO CANTO - ODE XXXIX – UNS BARCOS
BOLAS GIGANTES DE SABÃO. BARCA PARA
OS DRACMAS.
SAÍDA. QUAL O CAMINHO?
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