Carta-Poema 9 - Carta número 3


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Hoje começou o inverno. Como você está? Eu me lembro que na adolescência quando tinha 15 anos, eu tinha um pouco de vergonha de me despir no camarim, na cena e um pouco de vergonha de cantar em público. Sempre me relacionei bem com meu corpo-voz, claro que tem todas aquelas coisas da fase de transição da infância para adolescência, o que o sistema faz com a gente, o que dita a moda etc, mas fora isso, sempre me relacionei bem intimamente. Tenho consciência de minhas limitações, de minhas potências mesmo que tudo mude. Quando era adolescente trabalhava meu corpo-voz nos exercícios de teatro. Cantava no coral do Seminário, atuava na Escola IEED Normal, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, no Teatro Carlos Jehovah. Em Salvador iniciei um trabalho como modelo vivo, o qual faço até hoje, que me  trouxe mais consciência de minha respiração, concentração, silêncio e fala. Tudo que aprendi em minha trajetória aparece na cena, vou ganhando potência, presença na atuação. É incrível saber que o corpo sempre vai mudar a cada fase da vida. E muda. Cada expressão, cada linha, cada textura da pele, são as experiências de nossa vivência refletida em nosso corpo. Quando entrei no Oficina descobri ainda mais o corpo-voz, que é nossa casa-passagem e precisa de muitos cuidados e trabalho para que ele continue pleno. É nossa matéria-prima. Tenha uma linda noite de sono. Bons sonhos.

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