CARTA-POEMA 4 - EM PROSA POÉTICA
Quando eu criança pensava no amanhã, refletia sobre
meus desejos e sonhos, mas o amanhã não existia ainda, ou talvez estivesse
escrito nas nuvens de nossa tecnologia espiritual. Talvez o que existe de fato
seja o presente carregado de passado e desejoso de um futuro com muitos
amanhãs. Pensando no amanhã, sinto que quando o ponteiro do relógio marcar
00:00 hora e o amanhã se tornar hoje, vejo que essa possibilidade do amanhã
morre e nasce num ciclo de eterno retorno e assim, cada segundo que passa mata
a possibilidade do amanhã e constrói as imagens de um passado. O amanhã vem
carregado de um “quando”, e esse mesmo “quando” que vem com sua interrogação
“?” inquieta, assusta e também estimula, traz um tipo de esperança em relação
ao que não se sabe, o que não se vê, o que não existe e que não está em lugar
nenhum, apenas nos impulsos de vida de cada ser. O que seria de nós sem a
possibilidade do amanhã? Ah, esse amanhã que traz a morte, que traz a vida em
ciclos infinitos. Muitos cantam sobre o amanhã, sobre esse desejo de acordar
melhor, com cor de manhã e esse constante movimento de impulsos fazem com que a
roda gire numa gira linda e cruel que sempre faz tatuar na alma a palavra
“saudade”. Sim, a saudade do futuro martiriza os corações e também cria cantos
pelo mundo conectando-os numa teia infinita que atravessa tempo espaço.
Assim me lanço nesse mar de memórias, através da voz
da minha experiência, mapeando e garimpando processos em busca de tesouros do
amanhã. Plantei e continuo esse plantio, só assim descobrirei os caminhos desse
mapa-labirinto.
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